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quinta-feira, 16 de julho de 2015

Quando fazer? (Parte 1)



Existem diversos critérios para poder saber se uma pessoa poderia ou não ser operada para implante de eletrodos cerebrais.

Em primeiro lugar, é preciso saber se a doença é realmente o mal de Parkinson. Não podem haver dúvidas, e antes de 3 a 5 anos do início dos sintomas em geral não se faz a cirurgia. Por isso é importante que o paciente possua acompanhamento por um médico neurologista; para ter o diagnóstico feito corretamente. Não existe também indicação de cirurgia se a pessoa não apresenta incapacidades decorrentes da doença. Não existe "cirurgia preventiva". Se as suas "atividades da vida diária" (AVDs) estão normais, ou seja, se a pessoa consegue fazer tudo o que precisa fazer, ela não precisa ser operada.

A cirurgia existe para auxiliar aquelas pessoas que passam a ter dificuldades ou limitações no seu dia-a-dia, limitações estas provocadas pela doença de Parkinson. Por isso é muito importante ter um bom acompanhamento neurológico. Este é um ponto crucial. Explicando melhor:

1) O neurologista será capaz de modificar o tratamento ao longo do tempo de forma a obter o máximo de benefício possível. Isso é importante no controle dos sintomas da doença. Não teria sentido uma pessoa submeter-se a uma cirurgia se ela ainda tiver opções de tratamento não explorados. Eventualmente uma modificação de dose, um ajuste, o modo de tomar, etc, pode ser o suficiente para resolver o problema e controlar os sintomas.


2) Por outro lado, o neurologista precisa também ser capaz de reconhecer que numa determinada etapa a pessoa está realmente ficando cada vez mais incapacitada, e que todas as formas de tratamento não estão sendo capazes de manter o paciente com uma qualidade de vida razoavelmente boa. E saber que, apesar disso, existe ainda como ajudar esta pessoa de modo eficiente: com a cirurgia.
 

Esta etapa é uma das mais importantes, e é a que mais exige envolvimento do médico que faz o acompanhamento. Infelizmente muitos médicos ainda não conhecem bem todos os benefícios e os riscos da cirurgia. É muito comum as pessoas serem orientadas que "se a medicação ainda faz efeito não tem necessidade de cirurgia", ou "que a cirurgia é somente em último caso".

Na verdade este modo de compreensão está totalmente equivocado. O fato de a medicação ainda fazer efeito não tem problema nenhum em relação à cirurgia. Pelo contrário: se a medicação já não fizer mais efeito, não adianta mais operar. Se a situação clinica já está muito avançada, a cirurgia também não vai mais conseguir ajudar.

O importante é entender o problema sob o prisma da qualidade de vida.


O tratamento com medicamentos ajuda, faz efeito, mas não o suficiente para manter uma boa qualidade de vida. A pessoa está começando a deixar de fazer coisas que antes era capaz, apesar de estar bem medicada. Já mudou medicamento, ajustou dose, e não adiantou. É neste momento que se deve pensar sobre uma possível cirurgia.

Pode acontecer também de a Levodopa (base principal do tratamento medicamentoso) ela própria induzir movimentos anormais - as discinesias. E o neurologista pode não ter muita opção de reduzir a Levodopa, senão os sintomas da propria doença passam a ser muito exuberantes. A cirurgia então passa a ser a opção de poder controlar os sintomas da doença, e ao mesmo tempo permitir que a dose de Levodopa seja reduzida com mais segurança. Por ultimo, existem pessoas que desenvolvem flutuações muito intensas dos sintomas da doença, mesmo com otimização das doses dos medicamentos / intervalos, uso de patchs adesivos, etc. Aí a cirurgia também iria ajudar. Mas o centro de tudo é sempre a qualidade de vida da pessoa.





O segundo problema é em relação ao preconceito. As pessoas tem bastante medo do procedimento. Sim, existem muitos riscos, mas o medo às vezes parece ser bastante exagerado. Além disso, existe também um conceito de que "é uma cirurgia em testes, moderna demais, inacessivel, e cara". E nada disso é verdade. 

A estimulação cerebral profunda é considerado um procedimento suficientemente seguro; tanto é que é uma prática aceita, covencional. Nao é mais uma pesquisa, e não é um tratamento alternativo. É um tratamento convencional, "oficial". E ela é oferecida no SUS em diversos hospitais, e também pelos Convênios. Todos os Convênios cobrem integralmente a cirurgia. A obrigatoriedade existe por conta de a cirurgia fazer parte do Rol de Procedimentos de Cobertura Obrigatória, da Agência Nacional de Saude Suplementar (ANS).

2 comentários:

  1. estou em tratamento a mais de tres anos ja modificaram as doses varias veses no começo eu ainda fazia tudo devagar mas fazia atualmente estou usando levodopa 200/50 4x ao dia e akineton 1 vez a noite e mesmo assim estou tendo muitos problemas com o tal de on/off não me sinto seguro pra fazer minha própria barba ja tive quedas durante o banho banho OBS: (moro sozinho mas ´perto da familia) tenho dificuldade para iniciar uma caminhada quando consigo é dificil de parar sem um apoio até poucos dias ainda conseguia dirigir meu carro e andar de bicicleta (pequeno trajeto) mais agora tambem não me sinto seguro. Em resumo não seria o caso de cirurgia, e se sim,como ter acesso se meu salário é
    esse s míseros R$788.00 ja perguntei a vários médicos mais parece que eles não demonstram muito interesse e o pior nem explicam o porque to até pensando em abandonar as consultas (Paulo roberto da silva santos 49 anos ex pequeno empresário respeitado agora aposentado improdutivo ;

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  2. Ola Paulo; para saber se o seu caso pode ser tratado com cirurgia, voce precisa passar por varias avaliaçoes - do ponto de vista motor, e neuropsicologico. Se for caso de cirurgia, você pode fazer Particular, por Convênio, ou pelo SUS. Tanto por Convênio ou SUS, você nao tem nenhum gasto financeiro.

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